segunda-feira, 18 de agosto de 2014

A Transição para o Guarda-roupa de Adulto

Passei o fim‑de‑semana a organizar todo o meu guarda-roupa. No fim, uma sensação de alívio e de missão cumprida :) 
Sim, porque a desorganização põe-me doente.


A desorganização não era apenas física, era, sobretudo, nas minhas ideias.

No meu caso, a transição para o guarda-roupa de adulto não foi graciosa. De todo. 
Nunca fui uma miúda feminina ou elegante. Era bem descontraída e tudo se resumia a calças de ganga, t-shirts e tops cinza, ténis às cores e um vestido preto mega básico para saídas à noite. Apesar de adorar maquilhagem, raramente saía de casa maquilhada, o que estava reservado para ocasiões muito especiais e sempre na condição de eu estar para aí virada...

Quando comecei a trabalhar, exigiram-me que me maquilhasse, por vezes num estilo demasiado exuberante até... Obviamente, isto fez com que procurasse ainda mais informação sobre o assunto, comprasse mais material e praticasse mais. Mesmo que off-duty não me apetecesse andar maquilhada, tinha já aprendido uma série de truques e  adquirido um certo auto-conhecimento.

Ao fim de uns meses, as novas funções numa empresa diferente exigiram roupas formais. Era, claramente, assunto que não dominava. Guiada pelo meu instinto e bom-senso, como quase sempre, lá fui eu comprar saias, camisas, blusas, sapatos de salto e vestidos. Também sobretudos, carteiras e calças à altura. 
De início, até estava a achar graça a tudo isto, mas rapidamente comecei a sentir falta do conforto. Aos poucos, veio também a falta de poder usar peças das quais realmente gostava. Entretanto engordei, agravando o desconforto. 
Durante muito tempo a sensação era apenas um ligeiro desconforto relativamente ao que vestia, nem compreendia muito bem porquê, até ao dia em que me passei quando reparei que cada vez que comprava alguma coisa a minha primeira pergunta era: "Dá para usar no trabalho?" e que as minhas escolhas eram inconscientemente regidas por esse critério. Estava a ter uma crise de identidade no meu guarda-roupa! Já não sabia qual era a minha roupa, a que eu escolhia porque gostava, ou qual era a roupa que impunha a mim mesma para trabalhar. Precisava de pôr as ideias em ordem e perceber como introduzir peças do meu guarda-roupa nos looks de trabalho e como acolher no meu guarda-roupa peças que usava para trabalhar e das quais, afinal, até gostava. Entretanto, também percebi que o meu local de trabalho não é assim tão rígido quanto pensava, o que ajudou a atingir esse equilíbrio.

Ao equilíbrio atingido, chamo "chegar ao guarda-roupa de adulto". Claro que isto só é válido para mim e para aqueles com uma história semelhante... Porque há pessoas que desde cedo incluíram no seu guarda-roupa aquelas peças que eu somente comecei a usar por obrigação e, nesses casos, a transição foi mais natural, certamente.

Ana.

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